PARÁBOLA DO JARDINEIRO
Conta-se de um homem, que amava o seu jardim. Por isto dele se ocupava, com todo o cuidado que só o amor pode inspirar.
Com carinho, absorvia-se no trato da terra. E esta lhe retribuía com flores silvestres que, embora humildes, embelezavam a sua vida e perfumavam o ar que respirava.
Assim, era feliz o jardineiro. Porque a felicidade não está em conquistar sempre mais, e sim em reconhecer o valor do que se possui.
Porém, todos lhe repetiam que não deveria cultivar aquelas flores; que ninguém pode ser feliz com flores singelas, que apenas embelezam e perfumam, mas não têm qualquer valor que traga segurança ao cotidiano.
De tanto ouvir as vozes do mundo, houve um dia em que o jardineiro lançou os olhos sobre o jardim do vizinho. As flores que ali vicejavam, embora não tivessem a beleza e o perfume do seu jardim, eram procuradas por todos; e por isto lhe pareceram mais desejáveis que as suas próprias flores.
Deste dia em diante, foi-se a felicidade do pobre jardineiro. Que já não se satisfazia com o seu jardim; mas tampouco se animava a dele arrancar as flores, que lhe ofereciam a beleza e o perfume que em nenhum outro jardim encontrara.
Foi-se o sono tranqüilo, que tão belos sonhos lhe trazia; os seus olhos, que dantes guardavam doces imagens do jardim querido sob o sol, agora fitavam insones as trevas da noite.
Dividido entre os sentimentos contrastantes, já não era com o mesmo encanto que apreciava a beleza das suas flores, ou inspirava o seu perfume. Aos poucos, deixou de dedicar o mesmo carinho à terra e o mesmo cuidado ao jardim.
Assim, foram as flores perdendo o viço e, com ele, a beleza e o perfume. Dia após dia, tornava-se mais feio o antes lindo jardim, e mais sofria o pobre jardineiro.
Como acontece a tantos, que um dia foram felizes, mas deixaram-se seduzir pelo brilho que julgavam descobrir nos jardins alheios.
E esqueceram de cuidar das próprias flores...
7 Comments:
Tenho pena de pessoas como o jardineiro. Nunca são felizes. As pessoas sempre estão em busca de algo, que lhes traga mais vantagem, maiores ganhos. Quantos têm fortunas acumuladas e um enorme vazio na alma? Quantos desfrutam de um enorme jardim, bem arquitetado, mas não desfrutam do perfumes de suas flores? Quantos vivem cercados de pessoas bem posicionadas, mas amargam uma enorme solidão no seu quarto? Temos escolhas na vida e elas, muitas vezes, nos levam por caminhos nebulosos. Infelizmente, não nos contentamos com nosso jardim simples, com lindas rosas-menina, cultivadas carinhosamente por nossas mãos, cujo perfume e beleza, encantam os olhos e preenche a alma. Queremos mais! Aquele, com plantas ornamentais importadas, flores extravagantes, cuja beleza ressalta aos olhos, mas não nos diz nada. Verdadeiramente, não é nosso. Não sabemos como lidar com ele. Não faz parte do nosso meio, ou, nos sentimos no meio errado.
Hassan está sempre mostrando, que o homem é dono do próprio destino. Mas nem sempre faz a escolha apropriada.
anônimo, acho que sempre queremos mais. E é por isto que dificilmente encontramos alguém que seja feliz. São as 4 grandes verdades do budismo...
O homem não precisa TER bens, para SER feliz. Esse é o grande desacerto da humanidade. Felizes são aqueles que conseguem construir seu mundo dentro da verdade, conservando seus princípios, seus valores. Talvez essa seja um, dentre muitos ensinamentos que Hassan tenta transmitir ao mundo.
Talvez, anônimo. E, com certeza, estão entre os ensinamentos que o Cristo nos legou, há 2.000 anos!
Rafael, por pouco que vc saiba, me ajudará muito. Esclareça-me, sim?
Bela parabola.Em outras palavras : a grama do vizinho e sempre mais bonita!!!
Magui, exatamente por aí. E o pior é que nunca aprendemos! :)
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