HASSAN, O ÁRABE

Para Hassan, meu amigo invisível, que resolveu fazer-me portador das suas palavras. Espero que elas possam iluminar os nossos caminhos, guiando-nos em direção a uma vida melhor...

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Location: Salvador, Bahia, Brazil

Wednesday, August 23, 2006

A SINFONIA DO UNIVERSO



Não dominamos o mar, mas aprendemos a respeitar as suas leis, para que possamos desfrutar das suas ondas.

Tampouco, podemos controlar a nossa vida. Porque a vida, como o mar, tem as suas próprias leis e as suas ondas imprevistas.

Mas não é este, afinal, o seu maior encanto? Não seria o deserto de uma monotonia atroz, se o sopro do vento não modificasse a cada dia as suas dunas?

Muitas vezes nos entregamos à revolta, quando a vida modifica os nossos planos. E, assim fazendo, esquecemos que é nas dificuldades que mais aprendemos; a amarga preocupação de hoje esconde o doce sabor da vitória de amanhã.

Em cada ser humano, existe a força de que necessita. E existem, também, as fraquezas que precisa vencer, para atingir a plenitude dessa força.

Juntos, executamos a Sinfonia do Universo. E, se do Divino Maestro recebemos os instrumentos, não podemos esperar que os execute por nós; precisamos aprender a seguir a sua batuta, para que se torne perfeita a melodia.

Os nossos sofrimentos não são castigos, mas conseqüências dos nossos próprios atos e pensamentos. Acreditar que um de nossos atos possa ofender ao Pai, é como acreditar que a picada de uma formiga possa magoar a montanha.

Abrigar a idéia de um deus vingativo, é como acreditar que um pai possa sentir-se feliz, ao ver sofrer o filho que desobedeceu aos seus ensinamentos.

Dizem os pessimistas que a felicidade não existe; e, ao dizê-lo, esquecem de todos os momentos em que a receberam em seus corações.

E dizem os otimistas que a felicidade pode ser eterna. Esquecem que a felicidade é um estado de espírito, como a alegria e o amor; esperar que seja perene, seria como acreditar que o vento possa soprar sempre na mesma direção.

Nenhum de nós sente as mesmas emoções, todos os dias. O nosso Eu maior é livre, como a Força que o criou. E, assim como aprendemos a direcionar o vento, para que mova os nossos moinhos, precisamos direcionar a nós mesmos, para que mais rapidamente possamos atingir o fim do caminho.

Nenhum homem será realmente livre, enquanto aos seus ouvidos ressoarem os grilhões de outrem. Como nenhuma gota do mar será inteiramente pura, enquanto existir a água poluída ao seu redor.

Entretanto, é pela purificação de uma gota que se inicia a purificação do mar. E pelo brilho da primeira estrela que se anuncia o belo espetáculo das constelações, reluzindo no céu noturno. É o primeiro raio de sol que afasta o escuro da noite, e traz o esplendor de um novo dia.


Por isto, necessitamos das dores e das alegrias. Porque cada um de nossos momentos não passa de um novo ensaio, para que juntos possamos executar a Sinfonia do Universo.

A Sinfonia da Vida!

Wednesday, August 09, 2006

PARÁBOLA DO JARDINEIRO


Conta-se de um homem, que amava o seu jardim. Por isto dele se ocupava, com todo o cuidado que só o amor pode inspirar.

Com carinho, absorvia-se no trato da terra. E esta lhe retribuía com flores silvestres que, embora humildes, embelezavam a sua vida e perfumavam o ar que respirava.

Assim, era feliz o jardineiro. Porque a felicidade não está em conquistar sempre mais, e sim em reconhecer o valor do que se possui.

Porém, todos lhe repetiam que não deveria cultivar aquelas flores; que ninguém pode ser feliz com flores singelas, que apenas embelezam e perfumam, mas não têm qualquer valor que traga segurança ao cotidiano.

De tanto ouvir as vozes do mundo, houve um dia em que o jardineiro lançou os olhos sobre o jardim do vizinho. As flores que ali vicejavam, embora não tivessem a beleza e o perfume do seu jardim, eram procuradas por todos; e por isto lhe pareceram mais desejáveis que as suas próprias flores.

Deste dia em diante, foi-se a felicidade do pobre jardineiro. Que já não se satisfazia com o seu jardim; mas tampouco se animava a dele arrancar as flores, que lhe ofereciam a beleza e o perfume que em nenhum outro jardim encontrara.

Foi-se o sono tranqüilo, que tão belos sonhos lhe trazia; os seus olhos, que dantes guardavam doces imagens do jardim querido sob o sol, agora fitavam insones as trevas da noite.


Dividido entre os sentimentos contrastantes, já não era com o mesmo encanto que apreciava a beleza das suas flores, ou inspirava o seu perfume. Aos poucos, deixou de dedicar o mesmo carinho à terra e o mesmo cuidado ao jardim.

Assim, foram as flores perdendo o viço e, com ele, a beleza e o perfume. Dia após dia, tornava-se mais feio o antes lindo jardim, e mais sofria o pobre jardineiro.

Como acontece a tantos, que um dia foram felizes, mas deixaram-se seduzir pelo brilho que julgavam descobrir nos jardins alheios.

E esqueceram de cuidar das próprias flores...

un affair to remember.mid