HASSAN, O ÁRABE

Para Hassan, meu amigo invisível, que resolveu fazer-me portador das suas palavras. Espero que elas possam iluminar os nossos caminhos, guiando-nos em direção a uma vida melhor...

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Location: Salvador, Bahia, Brazil

Wednesday, May 09, 2007

Da convivência e da solidão


No seu nascimento, o homem está só. E só estará, no instante em que mais uma vez deixar este mundo.

Que me perdoem, portanto, os poetas e aqueles que pregam a necessidade das companhias. Porque, se as presenças confortam, é na solidão que encontramos a nós mesmos.

Entretanto, é às companhias que devemos buscar; porque a solidão sempre nos encontrará. Com ela, apenas precisamos saber conviver.

Para ouvir a sua voz e aprender os seus ensinamentos. Porque só assim ouviremos a voz do nosso verdadeiro Eu; e aprenderemos os seus ensinamentos.

Pois é apenas dentro de nós, que nos fala o Universo; e a Sua voz não ecoa em nossos ouvidos, mas em nossos corações.

Como o porto é necessário, para que a embarcação se recupere das agruras da viagem, assim a solidão é o porto seguro, onde pode repousar o nosso verdadeiro Eu.

E, entretanto, é por temer a solidão que muita vezes o homem se perde entre as más companhias; ou busca o universo ilusório das drogas.

Como pode alguém conviver entre os outros, se não consegue viver consigo mesmo?

E, entretanto, muitas vezes buscamos a convivência mundana apenas para não estarmos sós. Ou as conversas triviais, apenas para sufocar a voz do nosso verdadeiro Eu.

Necessitamos de ouvintes; porque ninguém acredita nas próprias verdades, a menos que outrem as repita. E necessitamos de aplausos, porque não acreditamos em nós mesmos.

É pelas opiniões alheias, que nos acostumamos a julgar as nossas próprias opiniões. É ao julgamento alheio, que submetemos as nossas atitudes e até mesmo os nossos pensamentos.

Pelos padrões alheios, questionamos os nossos próprios padrões. E até dos nossos sentimentos duvidamos, se não são aprovados pelos que nos cercam.

Não percebemos que, assim, prostituímos o nosso verdadeiro Eu; que fazemos submergir a sua voz, no oceano de dúvidas que se agita à nossa volta. E multiplica as nossas próprias dúvidas.

Vivemos para o mundo, quando deveríamos viver para nós mesmos. Pois só quem está completo pode dar mais de si próprio.

Só aquele que se ama, pode amar verdadeiramente a outrem; e só quem venceu as suas próprias angústias, pode trazer paz àqueles que sofrem.

É por isto que nascemos e morremos sós. E, entretanto, não conseguimos aprender esta simples lição.

Pois cada homem continua a viver para o mundo, esquecido de que partirá só.

Com o seu verdadeiro Eu.

un affair to remember.mid